Funcionários do Carrefour relataram ambiente tóxico, assédio moral e casos de racismo e de preconceito contra pessoas com deficiência (capacitismo) durante o trabalho em uma loja do hipermercado em Campo Grande. Os relatos dos colaboradores constam em ação civil pública, a qual o g1 teve acesso, e que condenou a empresa a pagar R$ 400 mil em indenização por “assédio moral organizacional”.
Sobre a ação, o Carrefour disse que irá recorrer na Justiça. Já sobre os casos de assédio moral e descriminação, a empresa afirmou que “repudia todo e qualquer comportamento indevido por parte de seus colaboradores e reitera que não corrobora com qualquer situação relacionada ao assédio moral e desrespeito”. Leia na íntegra a nota da companhia abaixo.
Entre os depoimentos das testemunhas, ex-funcionários relataram situações constrangedoras durante o trabalho e a falta de ação por parte da empresa. Com base no que foi colhido pela ação coletiva, gestores e gerentes eram responsáveis pelo ambiente tóxico na empresa.
“[Uma gerente] começou a gritar com o depoente no meio do depósito; que situações semelhantes ocorreram com outras pessoas; que o tratamento em reuniões era ríspido, sendo que o depoente já foi chamado de ‘otário’ e de ‘besta’ na frente de outros colegas do setor de vendas”, detalha um dos depoentes.
Um outro caso envolvendo uma gerente do mercado apontou uma situação capacitista. Por meio do sistema de inclusão de Pessoas com Deficiência (PCD’s) ao quadro de funcionários do hipermercado, um novo colaborador passou a fazer parte do grupo. Em depoimento, a testemunha relembrou um caso onde a chefia do mercado xingou o funcionário PCD.
“Dizia ao depoente que ele tinha de ‘se virar’; que o tratamento dispensado era grosseiro e o depoente teve vários episódios como o narrado; que havia outro PCD com deficiência na perna e essa pessoa e o depoente já foram chamados de ‘retardado’ e ‘débil mental'”, pontua a fala da testemunha.
Ao todo, cinco funcionários foram ouvidos, deles, três afirmaram situações de assédio moral no local de trabalho. Os outros dois colaboradores foram ouvidos, mas disseram não ter presenciado ofensas por parte da chefia do mercado.
“O assédio não era só de uma pessoa, era com outros funcionários. A estrutura da empresa tem uma cultura organizacional de assédio. Com as ações coletivas ficou comprovado que outros tinham sido assediado”, aponta o advogado.
Veja a nota do Carrefour na íntegra:
“O Grupo Carrefour Brasil repudia todo e qualquer comportamento indevido por parte de seus colaboradores e reitera que não corrobora com qualquer situação relacionada ao assédio moral e desrespeito. Contamos, ainda, com o Conexão Ética – https://conexaoeticacarrefour.com.br/, um canal de denúncias para que qualquer situação que vá contra nossos princípios e valores organizacionais seja reportada. A rede informa, também, que tomou conhecimento da ação do MP e recorrerá da decisão”.