O advogado, professor de Direito Civil e membro da Anistia Internacional, Mauricio Ribas, defende que todos os adultos têm o dever de trabalhar em prol da garantia dos direitos fundamentais das crianças na sociedade brasileira. De acordo com ele, independentemente da área de atuação, as pessoas devem lutar por um país menos violento contra a infância.
Mas como fazer isso? O advogado, que é também autor de “Ingel Addae – A luta entre o bem e o mal”, um livro para acolher o público infantojuvenil vítima de negligência, pode falar sobre o tema em uma entrevista. Na conversa, ele pode explicar como pais devem conscientizar os filhos desde cedo acerca dos próprios direitos e comentar qual o papel dos adultos na defesa da infância.
Um livro infantojuvenil dedicado a crianças vítimas da violência e da negligência social
Inspirada em fatos, ficção do advogado Mauricio Ribas promove conscientização sobre direitos fundamentais na infância e a importância de uma educação libertária
Vítimas de violência doméstica, Ingel Addae e os três irmãos mais velhos foram morar em um lar substitutivo na Estônia enquanto o pai era deportado para o país de origem e a mãe se recuperava do alcoolismo. A residência temporária foi a casa do advogado brasileiro Mauricio Ribas e da esposa estoniana, que precisaram descobrir formas de cuidar de quatro crianças e adolescentes traumatizados por um contexto familiar cruel.
O casal encontrou métodos para se aproximarem dos jovens, porém o escritor teve uma dificuldade particular em criar vínculos afetivos com o mais novo, principal inspiração para o lançamento de Ingel Addae – A Luta Entre o Bem e o Mal. Na ficção infantojuvenil, o nome da criança foi preservado para proteger sua identidade, enquanto o autor está personificado na figura de Michel.
O enredo detalha o processo de união entre os dois: um dia, o menino foi para a escola acompanhado do pai substitutivo pela primeira vez e estava bastante agressivo. Mas, no caminho, assustou-se com um uivo semelhante ao de um lobo e que vinha de uma casa fantasmagórica. Este foi o ponto de partida para Michel usar a criatividade e contar a história da bruxa Aquela-Mulher, que vivia no mausoléu abandonado e era a representação do mal. “Aquela-Mulher é a criminalidade, a ignorância, o crime organizado, o tráfico. Ela é a violência e a negligência que afetam as crianças”, explica o escritor.
Nas favelas brasileiras ou em grandes bolsões de miséria, ela, Aquela-Mulher, encontra suas vítimas, mas não só lá. Também encontra em casas ricas e em famílias pomposas, que ignoram que o amor e a educação valem mais que objetos utilizados por pais desavisados para comprar seus filhos, ao invés de ganhar o seu afeto. Pais perdem seus filhos em casa. Não os encontram. (Ingel Addae, pg. 22)
Ao saber da existência dessa feiticeira, o garoto começou a pedir para conhecer mais histórias sobre Aquela-Mulher. Então Mauricio Ribas, o Michel, a utilizou para transmitir mensagens importantes à criança: falou sobre a necessidade de se alimentar bem; respeitar as pessoas; aceitar o amor dos familiares; agir de forma ética; confiar naqueles que merecem; e perdoar os erros. Todas essas histórias contadas durante meses pelo autor estão no livro, que ainda contém ilustrações de Lilo Santetti.
Além de conversar com crianças e adolescentes sobre o amor, a importância da educação e a construção de relacionamentos saudáveis, a obra também propõe um debate com a sociedade acerca das consequências da marginalidade e da violência enfrentadas por muitos jovens. “O livro é um chamado aos pais, professores e educadores, em geral, para que se estabeleça uma ampla discussão em busca de soluções aos riscos que os jovens brasileiros sofrem com a marginalidade e a violência”, defende o advogado, que luta pelo cumprimento dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes no país.