O doutorando em Biotecnologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Adryan Franklin Luiz Ferreira, morador de São Gabriel do Oeste, está à frente de uma pesquisa inovadora que busca trazer de volta moléculas de animais extintos, com o objetivo de compreender a evolução dos sistemas imunológicos e abrir novas possibilidades para o desenvolvimento de medicamentos. A pesquisa, que alcançou destaque internacional, foi publicada na Cell Reports Physical Science, uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo.
Adryan, que é professor em três escolas de São Gabriel do Oeste — Fundação Educacional Cristo Rei, Escola Estadual São Gabriel e Escola Estadual Bernardino Ferreira da Cunha — realizou o estudo sob a orientação do Dr. Octávio Luiz Franco, também da UCDB. A equipe que participou da pesquisa inclui cientistas da UCDB, da Universidade da Pensilvânia (EUA), além de colaboradores de instituições da França e de Brasília.
O trabalho inovador utilizou dados genômicos retirados de um banco de dados mundial para analisar o DNA de espécies extintas e em risco de extinção. Adryan explicou ao Idest que a metodologia envolveu a mineração de dados genéticos de animais extintos, como a ararinha azul do Pantanal e o moa, uma ave da Nova Zelândia, bem como o rinoceronte negro africano, que ainda possui alguns representantes em cativeiro ou em reserva.

“Fizemos uma análise genômica e conseguimos identificar seis moléculas, chamadas defensinas, que não existiam nos bancos de dados”. Essas defensinas, moléculas ligadas ao sistema imunológico, foram descobertas através de uma sofisticada estratégia bioinformática, permitindo aos pesquisadores traçar uma linha de evolução dos sistemas de defesa dos animais estudados. “Com essas defensinas, conseguimos contar a história de como o sistema imunológico desses animais e seus parentes evoluíram ao longo do tempo, identificando o que surgiu, o que desapareceu e o que é mais eficaz”, destacou Ferreira.
As defensinas, moléculas responsáveis pela defesa do organismo, foram alvo de diversas análises após a sua identificação, como a filogenética, que permitiu entender os parentes próximos dessas espécies e suas semelhanças estruturais. Além disso, a equipe fez estudos de hidrofobicidade e eletrostática para compreender o comportamento físico-químico das moléculas, além de modelagem e dinâmica molecular para avaliar sua interação em soluções salinas e no corpo.
A pesquisa liderada por Ferreira é um marco, sendo a primeira na América Latina e a segunda no mundo a realizar esse tipo de trabalho de deextinção molecular.
Equipe de pesquisa da qual Adryan faz parte. Foto: Divulgação
“Essa descoberta demonstra como a ciência no Brasil está avançada, e como estamos conseguindo recursos para realizar esse tipo de análise. A possibilidade de trabalhar com deextinção nos permite vislumbrar novos caminhos para a biotecnologia, oferecendo dados preciosos para o desenvolvimento de novos fármacos”, completou Adryan.
Fonte: Idest